Eu tento claro que eu tento. Mas sabe, é difícil. É difícil não
me importar, não sei se é porque sou eu, ou se essa paranóia acontece com
todos. Mas comigo é diferente, eu tenho o dom de pensar demais, me preocupar
demais, esperar demais. E eu tento, já disse que eu tento. Eu tento não chorar,
mas eu choro. Tento ser fria e sonsa, mas isso não combina comigo. Ser fraca de
espírito nunca foi meu forte. E aí quase sempre eu
costumo gostar de quem me dá atenção, mas eles se vão, eles se vão,
sempre. E eu fico, e espero, e eles não voltam. Os que voltam não combinam comigo,
não que eu espere demais, é que o que eu gosto de sentir é uma espécie de
gratidão e euforia, e nem todos me trazem esse sentimento. Muitos me mandam ter paciência, calma, e
controle de mim mesma. Mas como paciência, calma e controle? Já disse, ser assim não combina comigo. Se eu
quero agora, é agora. Se eu quero
engolir meu choro eu vou engolir é agora, e se eu tiver que parar de me
importar também vai ser agora. Mas tem coisas que me fazem perder o controle e
imaginar como tudo seria bom sem elas. Eu não quero a sua presença só quando
você precisa da minha, e eu erro, erro sempre em aparecer quando você precisa, e
sabe eu devia ignorar a falta de compreensão de muitos, afinal, ninguém nunca
secou minhas lágrimas ou sentiu minhas dores. Mas não, isso não combina comigo,
já disse. E então eu optei pela solidão,
ela sim combina comigo. Não que me faça feliz ou preencha o espaço que não é
ocupado por pessoas ou sentimentos, esses buracos estão aqui, mas viver sozinha
é uma sensação de independência, de amor próprio. Eu escolhi ser assim, eu me sinto
bem assim. Feliz? Já disse feliz não. Mas sabe o que é melhor nisso tudo? Poder gostar da minha companhia, do meu jeito, do meu meu cheiro, e respeitar minha vida.
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