Saudade de quando era proibido, escondido. Saudade de quando
não tinha hora, simplesmente marcava e a gente estava lá. Saudade de quando
nenhum de nós pensava nas consequências, só queríamos curtir o momento e matar
a vontade. Era bom quando se quebrava regras, fugia dos problemas e enganava o
coração. Saudade daquela perdição louca nos seus braços, daqueles dias em que
eu me sufocava com a falta que você fazia. Saudade de quando você me procurava
arrependido, de quando o celular tocava e eu sabia que era uma sms sua. Saudade
de quando a gente se perdia naquele momento, das mentiras contadas pra não nos
descobrirem. Saudade daqueles dias em que a vontade era tanta e que eu já sabia
que me arrependeria no final dele. Saudade de quando eu achava que não
diminuiria, não aumentaria, não me retalharia. Saudade de quando não me
sufocava, e não me acrescentava. Saudade de quando a gente se falava sempre no
dia 06, e em alguma data de término, dando a desculpa de querermos saber como
ia a vida um do outro, de quando a gente passava horas e horas se olhando,
conversando em círculos, nos beliscando, ambos sabendo que não era pra nada
disso que estávamos ali juntos. Mas essa sensação de não estar nem aí com o que
viria pela frente, era o que contagiava, era o que fascinava, era o que
mantinha a nossa intimidade viva. Saudade de quando o coração parecia sair pela
boca, a mão suava e tudo em mim tremia, e você sempre perguntava o motivo daquilo
tudo. E dentro de mim, tinha uma vontade enorme de dizer, de dizer que era
saudade de você, do seu colo, das suas mordidas, do jeito infantil de como você
me tratava, era vontade de pedir pra que você voltasse pra mim, de dizer que
nada fazia sentido sem a sua presença pra dividir comigo meus medos, e levar
embora tudo aquilo que só me enganava, e que eu insistia em achar que supria
sua falta.
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